Vivemos cercados por notificações, ruídos e pressas. No fundo, há algo de revolucionário em simplesmente parar. Por isso, o silêncio — esse bem invisível e quase esquecido — virou artigo de luxo. Em Gramado, na Serra Gaúcha, o Kurotel e o Saint Andrews são exemplos de um turismo que inverte a lógica do excesso: menos estímulo, mais presença.
No Kurotel, o silêncio tem método. Cadeiras que simulam ausência de gravidade, cápsulas de flutuação com 500 quilos de sal e uma arquitetura pensada para desacelerar o corpo e a mente. “Trabalhamos o relaxamento como ciência”, diz Rochele Silveira, sócia-diretora do spa. No Saint Andrews, a proposta é parecida, mas com a natureza como aliada — casas individuais, cafés servidos em silêncio e o som dos pássaros como trilha sonora. A regra é simples: quanto menos se fala, mais se escuta.
Mas o silêncio, como tudo que é raro, também pode ser extremo. A câmara anecoica da Microsoft, em Seattle, é considerada o lugar mais silencioso do mundo: as paredes absorvem até 100% do som. Ali, o barulho do próprio corpo — o sangue circulando, o coração batendo — torna-se insuportável. Há quem não suporte mais de quarenta minutos dentro dela. O que era refúgio, vira abismo.
O contraste é revelador. O silêncio que cura é o que ainda permite escutar a vida; o que adoece é o que elimina até o som do mundo. Buscar o primeiro é um ato de resistência num tempo que valoriza o barulho.
No fim, talvez o verdadeiro luxo não esteja em pagar por um quarto silencioso, mas em aprender a silenciar por dentro — em desligar o ruído constante que carregamos, mesmo quando o ambiente parece calmo. Porque paz, afinal, não é ausência de som. É presença de alma.
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