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A história das sandálias Havaianas e a expansão Mundial. Por Lucas Machado

A história da Havainas e a expansão Mundial. Por Lucas Machado

Primeiramente há algum tempo, tenho desejado escrever sobre essas brasileirinhas, principalmente por serem um verdadeiro ícone da nação e por sua trajetória marcada por cinco décadas de sucesso. Segue o convite aceito. Estou falando das Havaianas, as legítimas, que a cada estação ganham novos modelos e cores.

Havaianas: Uma História Democrática

Elas são mineiras, paulistas, cariocas. Ou melhor, são do povo. No entanto, existem no mundo poucos produtos tão democráticos quanto as Havaianas, que vestem índios, sem-terras, ricos, pobres, artistas, príncipes e princesas. Além disso, são confortáveis e duráveis, características que as tornaram queridas por todos.

Quando morei na Califórnia, um companheiro de viagem, para variar, perdeu a mala no aeroporto. Portanto, demos queixa na companhia aérea e saímos para fazer uma baladinha com os amigos. No outro dia, na ressaca de Jack Daniel’s, voltamos ao aeroporto e encontramos a mala, mas as Havaianas não estavam lá. Entretanto, a melhor história aconteceu quando eu estava passando uma temporada no Havaí. A moda entre surfistas e skatistas era virar as sandálias ao avesso. Um gringo me parou e perguntou quanto eu queria para vender minha sandália. Nessa hora, meu lado comercial bateu mais forte e mandei o preço: “Cem doletas”. O resultado? Fui descalço de skate para a praia.

O nome Havaianas, dado em terras brasileiras, foi bem sugestivo, pois a década de 1960 era sinônimo de sol, praia, surfe e gente bonita. Para iniciarmos a história, é importante saber que, segundo o dicionário Aurélio, chinelo significa “sapato velho e acalcanhado”. Além disso, sandália – do latim sandalium – remete a calçado formado por uma sola, ligada ao pé por meio de correias.

No Japão. Se vocês tiverem a oportunidade de ver algum filme épico do Akira Kurosawa, as sandálias eram usadas, sobretudo com vestimentas tradicionais do país.

Mas quatro décadas depois, as Havaianas foram inseridas no mercado oriental como produto de moda. Com design e cores variadas, associadas a um preço bem acessível à classe média, que é maioria no Japão, já virou um case de sucesso por lá.

O Crescimento das Havaianas no Brasil

As sandálias foram lançadas no mercado nacional pela São Paulo.

As Alpargatas, do grupo Camargo Corrêa, em 1962, sendo patenteadas em 13 de agosto de 1964. O texto feito pela empresa para o departamento de propriedade industrial continha os seguintes dizeres: “Modelo de palmilha com forquilha”; e o slogan “Todo mundo usa”. Os primeiros modelos eram com o solado branco e as tiras azul-claras e pretas. Como a indústria no Brasil ainda caminhava a passos lentos, algumas saíram com as tiras esverdeadas. Na época, isso não valeria nada, mas hoje viraram peças de colecionadores e alucinados pela marca.

As Havaianas praticamente criaram o conceito de merchandising e revolucionaram a publicidade nacional, com diversas personalidades estampando a marca nos programas mais famosos entre as décadas de 1960 e 1990. Por exemplo, o comediante Chico Anysio lançava “As Legítimas” com o slogan “Não deformam, não soltam as tiras e não têm cheiro”.

A Expansão Global das Havaianas

Hoje, são vendidas mais de 160 milhões de sandálias por ano. Na Fábrica de Campina Grande, na Paraíba, por exemplo, já foram fabricados cinco pares de sandálias por segundo. A partir dos anos 2000, a marca foi globalizada, ganhando o mercado americano e europeu. Atualmente, está presente em 80 países, nos cinco continentes. O produto passou a ser peça coringa para todos os tipos de armários, masculinos ou femininos. Tipo arroz e feijão na cesta básica.

Em 2003, as Havaianas presentearam todos os indicados ao Oscar com sandálias exclusivas feitas com rubis e com uma embalagem especial. Além disso, em 2004, em parceria com a H.Stern, fez uma série limitada e cada par tinha ouro 18k e diamante.

A História dos Modelos Havaianas

Nasce uma Estrela (1962)

A inspiração veio da sandália de dedo japonesa chamada Zori. Feita de borracha e com o formato de grão de arroz como textura da palmilha, nascia um clássico.

A Kombi (1964)

Vendedores-viajantes levavam Havaianas para cada canto do país dirigindo Kombis. Estacionavam em frente ao comércio local e todos corriam para ouvir notícias da cidade grande e sobretudo comprar seu par de Havaianas. De tão icônico, nos últimos anos, recriamos esse nosso “foot truck”, uma Kombi itinerante que roda o Brasil em eventos Havaianas.

As Legítimas (1966)

Sim, Havaianas inventou o chinelo de dedo de borracha. E a prova está na nossa patente de 1966. “As Legítimas” que fala, né?

Mais Cores (1969)

Desde seu surgimento, as Havaianas Tradi em 1969, por um erro de maquinário, “surgiram” as primeiras Tradi com tiras verdes. O Brasil amou e, logo, vieram outras cores como a amarela e a preta.

Item Básico (1980)

Havaianas é essencial para os brasileiros como o arroz-e-feijão de todos os dias. Nos anos 1980, o Ministério da Fazenda incluiu os chinelos na lista de produtos cipados, ou seja, o preço era tabelado pelo Governo para que as pessoas pudessem comprar mesmo com ajustes de inflação.

Paixão Nacional (1998)

Em 1998, uma edição limitada foi lançada para celebrar o mundial de futebol daquele ano, realizado na França. Nasciam as Havaianas Brasil Logo! Elas traziam uma pequena bandeira do país aplicada à tira e filetes com as cores do Brasil na sola — essas características, inclusive, se mantêm as mesmas até hoje.

Re-inventando Clássicos (2000-Presente)

Afinal, havaianas não para de inovar e, ano após ano, continua lançando novos modelos como a Slim, as rasteirinhas e a Square. Além disso, a marca lança coleções especiais com pedrarias e bordados com customizações feitas à mão.

Digníssima, democrática e mundial. Não sei se você está lendo essa matéria com uma no pé, se tem uma ou várias. Mas, de uma coisa você pode ter certeza: se não tem, ainda vai ter.

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Sobre Lucas Machado

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Editor-chefe. Lucas Teixeira Machado (Belo horizonte 03 de Marco) escritor e poeta brasileiro, profissional de comunicação, palestrante e colunista de Life Style. Nascido em Belo Horizonte – Minas Gerais, cursou economia na Pontifícia Universidade Católica (Puc – Minas) e Marketing no Centro Universitário UNA. Graduou-se em teologia no Seminário teológico Carisma. Viveu na Califórnia, onde estudou a língua e cultura Americana na Okland University e San Jose City College - Silicon Valey. No México estudou a cultura Indígena em Mazatlán município do estado de Sinaloa, além de ser diretor de estilo na reconstrução da marca Venados Store - Venados Baseball Club. Foi diretor de Marketing de empresas no Brasil como: Probank, Engetec e Metalvest. É especialista em Marketing de incentivo, conteúdos digitais e Biografias através de escritas criativas..

Ver comentários

  • Eu não vivo sem, tenho várias e nunca deixo de acompanhar as novidades. O texto muito esclarecedor. Li todo e amei. Parabéns!

  • Estou lendo e estou com uma nos pés nesse momento. Kkkk... Conheço as Havaianas desde sempre e não abro mão delas de jeito nenhum. Comecei usando a branca com tiras azuis. Já bordei muito Havaianas pra vender. Sou apaixonada por elas. Havaianas é vida. Costumo dizer que se não for pra ir de Havaianas eu nem vou.... 😄 Amo demais! Havaianas é sinônimo de conforto.
    Que bom poder falar um pouco das Havaianas ♥️♥️♥️

  • Li e foi fiel a descrição dessa "sandalinha doméstica" ou de estimação, a minha está aqui e começo aderir as havaianas para idosos. Usei quando criança e agora busco a ortopédica para o início da minha terceira idade. Vlw.

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