Sempre que vejo alguma mostra de decoração e arquitetura, percebo o quanto ainda bebemos da fonte do modernismo dos anos cinquenta e setenta. O quanto nosso padrão de beleza, elegância e brasilidade dessa área, ainda está associada à essa época, resistindo aos entraves do tempo.
MODERNISMO – DO QUE SE ALIMENTA
O que me faz refletir: estamos sem referência? Ou nossas referências foram tão fortes que se tornaram dogmas ao longo das gerações? De uma forma ou de outra, ainda não superamos o modernismo e toda sua influência cúbica, funcional e irresistivelmente resiliente.
Afinal o modernismo tem cheiro de tabaco, cheiro de madeira maciça, tem a cor e o glamour de uma geração pós guerra cheia de otimismo e cheio de bossa. Bossa-nova. Faz parte do inconsciente coletivo de muita gente, tem cara de vó rica, pai que venceu na vida. Aquele tio que tinha uma casa podre de chic e que tomava uísque. É memória afetiva.
MODERNISMO – DO QUE É FEITO
Para entender o modernismo não precisa ir até Brasília ou pronunciar em voz alta Le Corbusier, nem saber quem foi Lina Bo Bardi. Basta abrir qualquer revista de decoração que lá estará uma peça ícone. Achou bem cara da riqueza? Tem madeira, couro, fibra natural ou metal? Provável que seja um móvel modernista ou inspirado por um. E por favor não me entendam mal, pois eu também não superei o modernismo e também faço parte do seleto grupo de apenas todos os arquitetos e designers do Brasil que o consideram TOP.
MODERNISMO – PARA ONDE VAI
O modernismo também vive de referências atuais. Tem uma galera que é mais modernista que os próprios modernistas. Segue abaixo uma galera que acho que tem minha admiração:
Ícone de Santa Catarina, Designer e cheio de premiação nacional e internacional. Realmente o mobiliário dele é como se fosse uma releitura pós-moderna do próprio modernismo. Como se ele captasse a essência do que é ser um móvel. Ele também se aventura no desenho de luminárias e cubas e acho todos um sucesso.
Irmãos Campana
Acho que eles são referências que dispensam qualquer apresentação. Dá um google e confere a lacração. Selecionei uma cadeira que acho bem a cara do modernismo anos cinquenta.
Porfírio Valadares
Porfírio é arquiteto f@da aqui de Belo Horizonte e designer de móveis. Não à toa que escolhi ele, pois foi meu professor na faculdade. Sempre o admirei enquanto profissional e das suas aulas carrego várias frases de impacto que me fazem rir até hoje.
Roberta Rampazzo
Roberta é desenhista industrial e está no mercado há 20 anos desenhando sua própria linha de móveis e também para obras conceituadas como Decameron Firma, MosFrança, Objekto e outras. Curti muito o trabalho dela e achei bem modernista atemporal classudo.
Zanini de Zanine
Zanini é arquiteto do Rio e super premiado. Já trabalhou com os grandes mestres como Lúcio Costa, Sérgio Rodrigues e Sérgio Bernardes. Filho de Zanine Caldas. Gosto do seu estilo moderno-modernista, arrojado, clean-descolado.
É isso gente! Quem é rei nunca perde a majestade. Mesmo após tanto tempo, uma linha de pensamento, de estilo encontra ainda tantas vozes ativas e se concretiza (literalmente) no fio do tempo, ou melhor, na estrutura do tempo, se tornando símbolo de toda uma geração.
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