Life Style

O tempo e a coragem de reescrever o caminho. Por Lucas Machado

O tempo e a coragem de reescrever o caminho. Por Lucas Machado

A ilusão da linearidade

Pensar o tempo como algo linear é uma armadilha confortável. Porém, essa ilusão de trilho contínuo nos impede de perceber o quanto cada instante é um ponto de inflexão. Quando tratamos o tempo como um roteiro pré-escrito, ignoramos sua essência instável, múltipla e profundamente humana. Em vez de um relógio ditando o compasso, o tempo se assemelha mais a um labirinto — onde cada escolha, inevitavelmente, redesenha o caminho percorrido. E entender isso muda tudo, mesmooo.

O tempo como elemento estratégico

Ao conduzir uma empresa, um emprego, um cliente, uma meta, desenhar um projeto de vida ou simplesmente tentar sobreviver aos desafios diários, a forma como percebemos o tempo se torna decisiva. Ainda que muitas vezes o presente se imponha de forma avassaladora, ele não é autônomo. O passado pulsa em nossas decisões, e o futuro, mesmo difuso, exige nossa participação. Viver no tempo exige um duplo esforço: rememorar e imaginar. É esse exercício que sustenta a consciência, que organiza memórias e projeta futuros. Entretanto, ao vivermos sob a tirania do agora, é crescente o risco de nos tornarmos reféns de uma cronologia rasa, onde não há mais espaço para as articulações entre o que fomos e o que poderíamos ser.

O entrelaçamento das temporalidades

Neste cenário, emerge com força a noção de tempo como espiral e não como linha. A visão maximalista, isso mesmo, que evidencia a abundância e que recusa simplificações apressadas, propõe um olhar mais orgânico: passado, presente e futuro se entrelaçam como forças em tensão, nunca como blocos isolados. Ao contrário de um mapa previsível, o tempo exige construção constante, onde a experiência se transforma em ferramenta e não em amarra. Cada curva no labirinto é uma chance de reinterpretação. Nada está fixado, ainda bem não é mesmo?

O passado como espelho ativo

O passado, por exemplo, é frequentemente tratado como algo estático — um depósito de fatos que não se alteram. No entanto, sua verdadeira potência está em ser um espelho crítico, um arquivo vivo que se modifica conforme nossas lentes e urgências. Longe de ser apenas um repositório de memórias, ele oferece sinais, alertas e oportunidades de reconstrução. Revisitar a história não é um gesto nostálgico, mas revolucionário. É nela que descobrimos os erros que não queremos repetir, os modelos que inspiram e as rupturas possíveis. E isso vale tanto para a política quanto para as relações, tanto para os negócios quanto para a cultura. Ignorar o passado é se condenar à repetição inconsciente. Já compreendê-lo com lucidez permite transformar o presente com mais propósito.

O presente como campo de disputa

O presente, por sua vez, é campo de embates, disputas e velocidades. Vivemos uma era marcada pela aceleração contínua, onde a urgência se disfarça de produtividade. Nesse contexto, manter-se atento ao que realmente importa é uma tarefa árdua. Tecnologias emergem, dinâmicas sociais se reinventam e os laços humanos, muitas vezes, se dissolvem em notificações. A inteligência artificial, por exemplo, deixou de ser uma promessa distante para se tornar parte ativa de nossas escolhas. Automatiza processos, reorganiza mercados e nos força a repensar o próprio conceito de humanidade. Diante disso, precisamos mais do que adaptação — precisamos de discernimento. Porque ser humano, neste momento, talvez seja menos sobre desempenho e mais sobre preservação de sentido. Ahh… esses Zumanos.

O futuro como campo de potência

Enquanto isso, o futuro permanece como uma névoa densa, constantemente alterada pelos ventos do agora. Ele não é uma linha de chegada, tampouco um horizonte fixo. É um espaço em construção, frágil, mutável e, por isso mesmo, cheio de potência. Cada decisão tomada hoje reverbera nesse campo ainda inominado. A filosofia nos ensina que o futuro é mais um exercício de imaginação ética do que uma previsão exata. Ele não se escreve com garantias, mas com responsabilidade. E, apesar de incerto, é ali que habitam nossos sonhos mais teimosos e nossos receios mais profundos.

Narrativa como forma de reorganizar o tempo

Mas e se tudo isso — passado, presente e futuro — for menos sobre cronologia e mais sobre narrativa? E se a verdadeira transformação depender da forma como contamos nossas próprias histórias, assumindo autoria mesmo diante das incertezas? O tempo como labirinto propõe justamente isso: que aceitemos a complexidade da vida sem buscar atalhos fáceis. O labirinto não é um erro de arquitetura — é um convite à profundidade. Cada curva exige escuta, cada bifurcação exige coragem. Em vez de fugirmos da confusão, talvez precisemos habitá-la com mais atenção.

O símbolo do Minotauro

Nesse trajeto, a figura do Minotauro se torna simbólica. Ele representa o medo que nos paralisa, a urgência que nos devora, a ansiedade que nos impede de pensar estrategicamente. Mas talvez o erro tenha sido sempre tentar vencê-lo. E se, ao invés de uma batalha, a resposta fosse uma dança? Dionísio nos ensinaria isso: que há sabedoria na desordem, e que resistir à rigidez é também um ato de criação. O tempo não é para ser dominado — é para ser sentido, dançado e transformado.

A armadilha do presentismo

A crise do tempo, como aponta o historiador François Hartog, é a crise do “presentismo”. Vivemos em um tempo que perdeu o futuro. Um tempo onde tudo precisa ser imediato, onde o amanhã se tornou uma extensão do agora e o passado é apagado ou reeditado segundo conveniências. Esse fenômeno não é abstrato — ele tem implicações diretas sobre nossas decisões pessoais, políticas, econômicas. Ao perder o vínculo com o que nos antecedeu e com o que ainda virá, perdemos também nossa capacidade de ação estratégica. Ficamos presos em ciclos curtos, sem visão de continuidade.

Rupturas e reconfiguração

Mas a boa notícia é que isso pode ser reconfigurado. A história, como lembra o filósofo Jacques Rancière, não é um fluxo inevitável, mas um espaço de ruptura. Um campo em que a narrativa pode ser reinventada, em que o tempo pode ser rearticulado a partir da ação. E é nesse ponto que o maximalismo ganha ainda mais relevância. Ele não simplifica, não reduz, não padroniza. Ao contrário: ele acolhe a multiplicidade, a complexidade, o paradoxo. Trata o tempo como uma trama aberta, na qual diferentes sentidos podem coexistir. É uma visão corajosa em tempos de pressa e binarismos.

Escolhas narrativas como forma de ação

Assim, ao pensarmos sobre transformação, não devemos buscar um único caminho. Precisamos enxergar as diversas trilhas possíveis. O passado pode ser reinterpretado; o presente, ressignificado; o futuro, reconstruído. Mas para isso é necessário abandonar as bússolas antigas, os mapas rígidos e os calendários e metas que insistem em domesticar a vida. Precisamos de narrativas mais amplas, que deem conta da nossa densidade existencial. Porque o tempo não nos ameaça — ele sussurra conselhos, se soubermos escutar. Se a saída parece invisível, talvez seja porque ela ainda não foi sonhada. Não precisamos de mapas exatos, mas de coragem.

Habitar o tempo com lucidez

No final das contas, não se trata de escapar do labirinto. Trata-se de habitá-lo com lucidez. Trata-se de aprender que o tempo não é um inimigo, mas um território a ser ocupado com sensibilidade e intenção. Se não há saída visível, talvez a resposta esteja em traçar novos caminhos. Não com medo, mas com imaginação. Não com urgência, mas com presença. Porque só assim o tempo deixa de ser um peso e passa a ser possibilidade. E nessa travessia, como sempre, o que nos salva é a capacidade de contar novas histórias — e de recontá-las, assim descobrimos que o milagre sempre esteve no ato de continuar escrevendo e escrevendo. Siempre hasta el final !!

Por Lucas Machado

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lucasmachado

Editor-chefe. Lucas Teixeira Machado (Belo horizonte 03 de Marco) escritor e poeta brasileiro, profissional de comunicação, palestrante e colunista de Life Style. Nascido em Belo Horizonte – Minas Gerais, cursou economia na Pontifícia Universidade Católica (Puc – Minas) e Marketing no Centro Universitário UNA. Graduou-se em teologia no Seminário teológico Carisma. Viveu na Califórnia, onde estudou a língua e cultura Americana na Okland University e San Jose City College - Silicon Valey. No México estudou a cultura Indígena em Mazatlán município do estado de Sinaloa, além de ser diretor de estilo na reconstrução da marca Venados Store - Venados Baseball Club. Foi diretor de Marketing de empresas no Brasil como: Probank, Engetec e Metalvest. É especialista em Marketing de incentivo, conteúdos digitais e Biografias através de escritas criativas..

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