Tâmara Klink: Entrevista. Precisamente no dia 04 de Março de 2013, Amyr Klink estampava a Capa da Revista Ragga, onde se iniciou esse site que você esta lendo agora.
Talvez não só pelo ano, mas também por motivos diversos, é importante lembrar quem é esse navegador, principalmente pela nova geração e seus valores.
A Revista Ragga dizia. Amyr Klink “sucesso estrondoso com o livro 100 dias entre o céu e o mar, nos idos dos anos 80, no qual relata sua viagem da África ao Brasil sendo o primeiro – a atravessar sozinho o Oceano Atlântico em uma embarcação a remo”.
Depois disso aventurou entre dois polos, na famosa embarcação, chamada, Parati, uma das mais conhecidas do Brasil. Isso é para você que tá chegando agora.
Mas, afinal quem é Tâmara Wolff Bandeira Klink.
Gostaria de começar este texto com uma pergunta. Pode ser?
O que é coragem para você?
Pensou em vários caminhos para resposta. Eu até tinha vários pensamentos sobre uma pergunta tão simples.
Contudo, recentemente, conversei com Tamara Wolff Bandeira Klink,
que, atualmente, mora na França e me fez pensar melhor sobre o assunto.
A velejadora me surpreendeu com a definição de coragem e me ajudou a refletir sobre um conceito amplo com consistência.
Porém sem perder um sorriso no fim da frase:
“Eu tenho conversado sobre viagens com os meus amigos e acredito que a
coragem, a gente só descobre que tem, quando usa”. Forte muito forte.
E segundo sua fala consistente, porém com a leveza na voz típica da juventude, que a velejadora (que cursa arquitetura terrestre e naval) impõe.
Filha dos lendários velejadores Amyr e Marina Klink, ela discorre sobre suas verdades.
No entanto com tranquilidade de uma menina que encarou a solidão e aprendizados do mar e já pensa em atravessar o oceano como planejamento de vida.
Por outro lado, presentes de DNA e escolha pessoal para a trajetória.
Entretanto no Spotify ela é eclética e deixar a playlist no modo off-line se tornou uma solução para os tempos de vida no mar.
Simultaneamente o som tem a calmaria da banda “Falamansa”, sendo que,
atualmente, é Elza Soares a maestra do dia (e da vida) de Tâmara.
A tranquilidade é motivacional e o resultado da conversa rendeu ótimos ensinamentos da menina que tem na irmã Laura a verdadeira âncora na terra.
“Eu sou gêmea e isso me faz sentir ancorada de certa forma. Minha irmã é a pessoa que eu mais falo, minha melhor amiga e o elemento que me faz sentir em casa.
Eu acho que a diferença em partir sozinha é saber que tenho para onde voltar. E eu volto para ficar perto da Laura.”
Quando peço uma citação, mais uma vez, Tâmara surpreende pela maturidade: “Viajar? Para viajar basta existir.
Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.” Dispara.
LUCAS MACHADO: Enfim. Como é a sua alimentação?
Tâmara Klink: Em geral eu não gosto muito de comer animais. Quando estou em terra eu como saladas e coisas frescas.
LM: O que você pratica de esporte?
TK: Eu escolho um esporte e faço muito. Em uma época, por exemplo, quando eu era mais nova, eu fiz muita natação. Depois, corrida. Em seguida, virou remo.
Agora navegação, vela. E eu faço outros esportes como corrida e exercícios de fortalecimento, mas é só um que prático a fundo.
LM: O que a navegação significa na sua vida?
TK: Seria mais fácil de responder como não ter navegação como parte da minha vida [risos]. Eu não sei.
Ela me rodeia de várias maneiras em vários âmbitos e escalas. Ela está
nos livros que eu leio, nos assuntos que falo com os meus amigos, nos filmes que assisto.
LM: Conte-me sobre um momento de tensão no mar.
TK: Um momento de tensão foi nessa última viagem. Teve uma tempestade e eu não conseguia dormir, caía da cama e fiquei mais de 30 horas acordada. Eu tentava, mas não conseguia (risos).
O teto do barco parecia uma máquina de lavar com tudo girando, água entrando para todo lado. A gente nunca pode apostar e torcer para o melhor. Por isso, sempre é preciso agir. Mas, naquele momento, eu estava tão exausta e cansada que só observei.
Demorei e só fiquei observando atenta. Fiquei pensando se caísse o mastro eu poderia sair pela janela. Onda passando e molhando minha roupa. O mastro não caiu em cima de mim (risos). Mas são vários contextos possíveis,
desde grandes ondas até grandes tempestades. Muito vento e pouco vento.
Tâmara Klink: Entrevista.
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