História da marca Supreme: Do Skate às Passarelas do Luxo. Por Lucas Machado
Arte: Vinilcius
Em uma época em que o streetwear domina tanto as passarelas quanto as ruas, poucas marcas evocam tanta paixão e devoção quanto a Supreme. Nascida nas ruas de Nova York em 1994, esta icônica marca transcendeu suas origens no mundo do skate. Ela se tornou, assim, um fenômeno global da cultura pop e do luxo contemporâneo. Vamos, então, mergulhar na jornada da Supreme e entender como uma pequena loja de skate evoluiu para um império de moda bilionário.
A história da Supreme começa com James Jebbia, um visionário britânico-americano com um olhar apurado para tendências e uma compreensão profunda da cultura jovem. Embora nascido na Inglaterra, ele foi criado nos Estados Unidos. Ele já havia se destacado no cenário da moda streetwear de Nova York ao trabalhar com Shawn Stüssy, outra lenda do setor.
Em abril de 1994, Jebbia inaugurou a primeira loja Supreme na Lafayette Street, localizada no coração do bairro SoHo, em Manhattan. Embora o espaço fosse pequeno, com apenas 1.000 pés quadrados, seu layout era revolucionário. Diferente das lojas de skate tradicionais, muitas vezes abarrotadas de produtos, a Supreme adotou um estilo minimalista. Dessa forma, as roupas e os skates apareciam como obras de arte, criando uma atmosfera única, onde moda, arte e cultura de rua se encontravam.
A loja logo se tornou um ponto de encontro para skatistas locais, artistas e jovens fashionistas. Com sua visão única, Jebbia não pretendia apenas vender produtos; ele desejava, acima de tudo, criar uma comunidade. Assim, a Supreme rapidamente se transformou em um espaço onde as pessoas podiam se reunir, conversar sobre skate, arte e música, e sentir-se parte de algo maior.
Nos anos seguintes, a Supreme construiu uma reputação que ia além do mundo do skate. Primeiramente, a marca passou a lançar novas coleções em pequenas quantidades, criando uma escassez que aumentava o desejo dos consumidores. Essa estratégia, chamada de “drops”, logo se tornou uma característica da Supreme e, mais tarde, inspirou inúmeras outras marcas de moda.
Além disso, a Supreme se destacou por suas colaborações ousadas e, muitas vezes, inesperadas. A marca trabalhou com artistas renomados, como Damien Hirst e Takashi Murakami, e com marcas estabelecidas, como Nike, The North Face e Louis Vuitton. Essas parcerias elevaram o status da Supreme, transformando-a de uma marca de nicho em um nome global.
Um dos momentos mais marcantes na trajetória da Supreme foi sua colaboração com a Louis Vuitton em 2017. Essa parceria, que muitos consideravam improvável, simbolizou a entrada da Supreme na moda de luxo. Como resultado, a coleção Supreme x Louis Vuitton foi um sucesso estrondoso, com itens revendidos a preços exorbitantes, consolidando a Supreme como uma marca global.
Um aspecto único da cultura Supreme é o mercado de revenda que cresceu em torno da marca. Devido à escassez criada pelos lançamentos limitados, muitos itens da Supreme se tornaram objetos de desejo altamente cobiçados. Frequentemente, pessoas acampavam dias a fio do lado de fora das lojas antes de um lançamento importante.
Esse fenômeno resultou em um mercado secundário lucrativo, onde produtos da Supreme são revendidos por múltiplos do preço original. Além disso, alguns itens se transformaram em verdadeiros investimentos, com colecionadores e revendedores dispostos a pagar milhares de dólares por peças raras.
A cultura de revenda da Supreme influenciou outras marcas de moda, fazendo com que muitas adotassem estratégias similares de lançamentos limitados para criar expectativa e demanda.
Apesar de seu crescimento meteórico, a Supreme manteve uma abordagem conservadora em relação à expansão física. Durante muitos anos, a marca operou apenas uma pequena rede de lojas em cidades-chave, como Nova York, Los Angeles, Londres e Tóquio. Essa estratégia de crescimento controlado ajudou a preservar a aura de exclusividade da marca.
Em 2017, a Supreme alcançou um novo marco ao vender uma participação de 50% para o The Carlyle Group, por US$ 500 milhões. Esse investimento forneceu à Supreme o capital necessário para expandir ainda mais suas operações globais.
Em 2020, a marca deu outro grande passo ao ser adquirida pela VF Corporation, proprietária de marcas como Vans e The North Face, por US$ 2,1 bilhões. Essa aquisição marcou o início de um novo capítulo para a Supreme, promovendo uma expansão ainda maior, mas também levantando dúvidas sobre como a marca preservará sua identidade e exclusividade sob uma corporação maior.
O sucesso da Supreme vai muito além dos números de vendas e das avaliações de mercado. A marca teve um impacto profundo tanto na cultura pop quanto na indústria da moda como um todo.
A história da Supreme é um testemunho do poder da autenticidade, da visão criativa e da compreensão profunda da cultura jovem. De uma pequena loja de skate em Nova York a um fenômeno global de moda, a Supreme redefiniu o que significa ser uma marca de luxo no século XXI.
Além disso, o sucesso da Supreme não se baseia apenas em roupas ou acessórios, mas na criação de uma comunidade e uma cultura ao redor da marca. Essa é uma lição de como a escassez, a colaboração e o entendimento do público-alvo podem criar um fenômeno duradouro.
À medida que a Supreme evolui, uma coisa permanece clara: seu impacto na moda, na cultura pop e no marketing vai além das roupas que vende. A Supreme não é apenas uma marca; é um movimento cultural que continuará a influenciar e inspirar por muitos anos. Hasta !!
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