Life Style

Como a atividade física atua em nosso organismo

Como a atividade física atua em nosso organismo

Durante os últimos anos muito se fala em atividade física, redução do sedentarismo e melhora da qualidade de vida. Contudo, você sabe como o exercício físico atua no nosso organismo e quais benefícios ele proporciona?

Pois pensando em você escrevemos este texto detalhando as alterações promovidas pelo exercício.

O estresse físico sobre o organismo causa respostas fisiológicas que são classificadas como agudas ou crônicas.

Respostas fisiológicas

As respostas agudas visam atender as necessidades impostas ao organismo durante ou após o exercício, sendo divididas em agudas e agudas de efeito tardio.

Já as respostas crônicas são alterações ocorridas por sessões de treinamento ao longo do tempo: semanas, meses ou anos.

Atuação do exercício no sistema respiratório

O sistema respiratório capta o Oxigênio do ar atmosférico e elimina o CO2 (gás carbônico) produzido pelo organismo, contribuindo com a respiração celular e o equilíbrio ácido—básico, que é uma atividade essencial para a manutenção da vida.

Podemos observar que antes mesmo de iniciar o exercício já há aumento da frequência respiratória e do volume corrente.

O córtex motor estimula o centro regulador da respiração e então o grupo de neurônios desse centro transmite sinais aos músculos respiratórios, resultando em maior frequência respiratória e maior volume corrente.

Quimiorreceptores

Durante o exercício há outros mecanismos que contribuem para os ajustes necessários na respiração, tais como quimiorreceptores localizados no centro respiratório.

Também no corpo das artérias carótidas, receptores de estiramento localizados na parede torácica e no tecido pulmonar, além de mecanoreceptores nas articulações, tendões e músculos.

Na intensidade máxima realizada por um indivíduo saudável, o volume corrente altera 400 a 500mL de repouso para até 3100mL, enquanto a frequência respiratória aumenta de 10 a 15 incursões respiratórias por minuto em repouso para valores em torno de 60 incursões respiratórias por minuto.

Por sua vez a ação dos músculos inspiratórios e expiratórios influenciam diretamente no volume da caixa torácica, nas pressões pulmonares, ampliando a área de troca gasosa.

Uma das respostas crônicas do exercício físico é a melhora da força destes músculos, gerando outras adaptações positivas, como melhora da ventilação e consequentemente aumento da capacidade aeróbica.

Outra resposta a esta melhora é retardar o acúmulo de lactato pelo músculo com as adaptações crônicas.

Atuação do exercício no sistema cardiovascular

O sistema cardiovascular é responsável por transportar oxigênio e nutrientes para as células. Em média, durante o repouso circulam de 4 a 6L de sangue por minuto pelo corpo.

Como resposta aguda ao exercício físico intenso esse valor pode chegar de 20 a 35L por minuto. Uma das primeiras respostas do sistema cardiovascular ao exercício físico é a quantidade de sangue bombeado, ou seja, o débito cardíaco.

O débito cardíaco é o produto da quantidade de vezes que o coração contrai por minuto.

No exercício físico, até mesmo antes de inicia-lo há uma redução na ação parassimpática sobre o coração e uma estimulação simpática, resultando em aumento da frequência cardíaca, um cronotropismo positivo e aumento de volume sistólico.

Além disso, ocorre aumento do retorno venoso. Este retorno é igual a quantidade de sangue que chega das veias ao coração a cada minuto e deve ser igual ao débito cardíaco.

O aumento do retorno venoso provoca aumento da distensão do miocárdio durante seu enchimento e com isso maior será a força de contração e maior quantidade de sangue bombeado.

Ou seja maior volume sistólico (contração), chamado mecanismo Frankstarling. Já o controle do sangue nos vasos periféricos e capilares é controlado pelos músculos lisos.

O aumento do gasto energético causado pelo exercício induz ajustes nos fluxos de sangue, com vasconstrição nas áreas de inatividade e vasodilatação nas áreas ativas devido ao aumento da ação simpática, pressão arterial e metabólitos locais

Atuação do exercício no sistema musculoesquelético

A contração muscular reduz a síntese e a ação de proteínas intramusculares de efeito negativo sobre a sinalização da insulina, além de estimular a translocação dos transportadores de glicose, o GLUT 4, por vias independentes da insulina.

Neste sentido, o exercício físico é uma estratégia para melhorar a captação de glicose em indivíduos com resistência à insulina. A resposta mais evidente do músculo esquelético à prática regular de exercício físico de caracterísitica aeróbica

é o aumento na capacidade de oxidação de íons H+ pela cadeia transportadora de elétrons. Esta adaptação permite ao indivíduo realizar uma atividade na mesma intensidade absoluta com maior facilidade após o treinamento.

A melhora da capacidade aeróbica está na redução da utilização de glicogênio e a preferência por lipídios intramusculares.

A preferência por lipídios e maior capacidade de oxidação de H+ (íons hidrogênio) resultam na ocorrência do limiar de lactato em intensidade absoluta mais alta, pois este tipo de exercício provoca aumento no tamanho e no número de mitocôndrias nas fibras tipo 1 (As fibras tipo I que são as vermelhas, utilizam o sistema de energia aeróbico que trás mais oxigenação nos músculos) e em menor magnitude nas fibras tipo 2ª (fibras brancas, de contração rápida).

Para atender a demanda de oxigênio nos músculos esqueléticos há formação de novos capilares, melhorando a troca de gases entre o sangue e as fibras musculares.

Em exercícios anaeróbicos o músculo esquelético além de aumentar o tônus, também aumenta o seu tamanho e o número de proteínas contráteis, levando ao aumento da área de secção transversa do músculo, conhecido como hipertrofia.

Atuação do exercício no sistema hormonal e metabólico

Os estímulos do exercício físico geram várias respostas metabólicas e hormonais para manter a homeostase.

O metabolismo é o conjunto de reações bioquímicas que atuam na degradação de estruturas, armazenando energia por reações catabólicas e na síntese de novas estruturas, utilizando energia nas reações anabólicas.

As reações do metabolismo são mediadas por hormônios, substâncias de efeitos biológicos que atuam como mensageiros químicos.

A resposta antecipatória ao exercício físico se deve aos hormônios do estresse que preparam o organismo para situações de desconforto físico ou cognitivo. A adrenalina e o cortisol são os principais hormônios sensíveis à resposta antecipatória.

Em exercício físico contínuo a secreção de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) são proporcionais à intensidade do exercício. A secreção do cortisol tem ação catabólica afim de garantir a disponibilidade de energia para induzir a produção de glicose no fígado via gliconeogênese.

Atuação do exercício no sistema nervoso

O exercício físico pode provocar efeitos benéficos sobre a cognição em idosos. Um estudo com idosos observou que a caminhada de 150 min por semana durante 4 meses foi capaz de aumentar a área ativa do hipocampo, promovendo maior perfusão e conectividade do hipocampo e giro do síngulo anterior. Outros pesquisadores observaram que o aumento do fluxo sanguíneo cerebral implicou em neurogênese, melhorando a rede neural em idosos.

Sobre prescrição de exercícios

Sempre digo que qualquer que seja sua idade ou atividade a ser executada: fazer uma avaliação médica, preferencialmente com médico do esporte para analisar parâmetros pré-treino, agindo não só na prevenção de doenças cardiovasculares, mas como parâmetros para avaliação posterior das alterações induzidas pelo exercício. Isto serve como estímulo e auxilia no acompanhamento longitudinal do paciente.

Sobre qual exercício praticar: aquele que você gosta. E preferencialmente realizar a meta de 150 minutos por semana, com aumento progressivo de cargas (volume, intensidade), conforme orientações médicas e da preparação física.

Atividade física atua em nosso organismo

/* */
Dra. Flávia Magalhães

Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário Newton Paiva (2004) e Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008). Titular de Medicina Esportiva pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. Atualmente Vice-Presidente da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte. Diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. É professora da pós-graduação de Medicina do Esporte pelo Mater Dei/Inspirali. Atuou como médica pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), como coordenadora Estadual de Doping pela CBV (Confederação Brasileira de vôlei) e desde 2015 atua como médica da seleção brasileira de futebol feminino (CBF).

Posts recentes

Como Emagrecer com a Dieta Mediterrânea

Como Emagrecer com a Dieta Mediterrânea A dieta mediterrânea é mais do que um plano…

8 horas ago

Alimentos Funcionais e Nutrição Personalizada

Alimentos Funcionais e Nutrição Personalizada A alimentação moderna tem evoluído significativamente, trazendo conceitos que aliam…

21 horas ago

Dieta das Sopas para secar a barriga

Dieta das Sopas para secar a barriga A dieta das sopas tem se tornado uma…

1 dia ago

Direito à Indenização por Danos Morais em Caso de Atraso ou Cancelamento de Voo

Direito à Indenização por Danos Morais em Caso de Atraso ou Cancelamento de Voo Viajar…

2 dias ago

Transporte de Veículos e Eventos Esportivos: Uma Conexão que Move o Brasil

Transporte de Veículos e Eventos Esportivos: Uma Conexão que Move o Brasil A logística por…

2 dias ago

Dieta Sem Glúten Benefícios

Dieta Sem Glúten Benefícios A dieta sem glúten tem ganhado cada vez mais adeptos, tanto…

2 dias ago

Thank you for trying AMP!

We have no ad to show to you!