Refugiada da Síria cria projeto de gastronomia
Empreender é um estado de espírito que nasce conduzido por sonhos e muito amor. Tanto que pensar em um negócio deixa os olhos do empreendedor marejados. Mas imagine você pensar na formação de um negócio em um país diferente daquele que nasceu? Difícil, né? Então, pense no caso de um refugiado. A situação se tornou mais complexa?
Esse é o caso da síria Joanna Ibrahim, de 33 anos, que escolheu o acolhimento do Brasil, desde 2015. Ela decidiu transformar o amor pela gastronomia em ato de resistência pela sobrevivência.
Formada em administração e relações públicas, a refugiada síria escolheu a comida como resgate afetivo da sua terra. Assim a marca Open Taste nasceu, como uma cozinha itinerante com pratos produzidos por imigrantes de vários lugares do mundo.
Culinária de resistência e sobrevivência
No Instagram, a BIO mostra muito do que é a proposta do negócio: “Comida autêntica do mundo feita por refugiados e imigrantes.” O projeto já reuniu mais de 70 chefs e gerou uma renda que ultrapassou R$150 mil, valor distribuído entre essas pessoas.
A ideia do negócio se iniciou há um tempo, em Juiz de Fora. Ao lado da avó e uma tia (que também tinham vindo da Síria), elas começaram a vender quibe e esfirras. “Mas isso não me preenchia como pessoa. Queria fazer mais”.
Explica a empreendedora que começou a pensar em montar um aplicativo para vender ingredientes de todo mundo e que pudesse ajudar outras famílias. Dessa ideia, ela entendeu os verdadeiros caminhos do negócio.
Foi então que ela decidiu se mudar para São Paulo, em 2018. Mas, no início, ela não tinha dinheiro para materializar tudo que ela pensava. A proposta foi alugar um espaço e, a cada semana, receber um cozinheiro.
Ninguém solta a mão de ninguém
O negócio funcionava como um coworking para cozinheiros. No local, os chefs entravam com os ingredientes e mão-de-obra. Enquanto ela, pagava o aluguel e realizava a divulgação.
Até que em 2019, ela conseguiu abrir o primeiro restaurante em um espaço físico. Mas a pandemia da Covid-19 chegou e ela precisou readequar para o delivery. Hoje, o restaurante conta com um único chef fixo, o libanês Ayman Younes Al Houjeiry, que vive no Brasil desde 2019.
Ayman fez curso de hotelaria no Líbano e de massas na italiano. Mas foi em solo brasileiro encontrou respeito: “Eu sou gay e lá eles não me aceitam. Meu irmão me pediu para sair de casa. Minha história é muito triste. Mas um primo me ajudou a vir pra cá, aqui encontrei um amor, pessoas muito boas. Eu vou ficar aqui, por causa do meu namorado e por causa do Open Taste”.
Refugiada da Síria cria projeto de gastronomia
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