Primeiramente sonhamos com novas praias. Ou novas montanhas. Queremos voltar a sentir um vento que não o nosso.
Um calor que não nos sufoque. Mas um frio que nos aqueça. A viagem que fazemos em nós mesmos agora são os sonhos de busca.
A conquista de nós mesmos, em algum lugar que nos torne parte.
Viajar
Viajar não é algo que se faça somente com os olhos. Ou com pés. Viajar é para bocas, dedos.
É para alma. Contudo tocar o que não nos pertence com o respeito do sentir.
Falar com quem passa não como quem passa, mas como quem acompanha. Viver a cultura, não por ser mais rica ou mais pobre, mas por ser isso: cultura.
Viajar é entender os aromas. Olhar para o céu, sabendo que é o mesmo teto e que, embaixo, são outros os sonhos. Entender que o tempo passa igual e, ao mesmo tempo, tão diferente.
Sentar às margens do Sena para se molhar de gente. Conversar com um músico no Central Park, Ibirapuera, tanto faz, para entender as notas. Atravessar o Jequitinhonha para entender a fé. Ou a Patagônia, para entender o vento.
Tirar as máscaras
Não importa quem você seja. Entretanto se é um pescador de ideias, um bebedor de temperos. Se viaja para onde a noite é dia ou se para onde o dia te amanhece.
Ou se viaja até onde seus pés alcançam. Se chegam até a África e a beleza das cores que formam o negro. Aos Andes, para colorir o branco.
Belezas
Que seja a cachoeira mais perto de onde mora, para ver água soar tambor dentro do peito.
Para viajar, é preciso chegar devagar. Deixar para a memória uma beleza além da foto.
Para viajar, é preciso tirar as máscaras. E nos protegermos das ideias e dos vírus que nos dominam, de acordo com as verdades que se impuseram dentro de nós.
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