Saúde da mulher é alvo de estudos pelo Brasil
A saúde da mulher tem sido tema de diferentes pesquisas e projetos pelo Brasil. De acordo com as instituições responsáveis, o intuito é criar estratégias que possam mitigar as principais condições que afetam a saúde e a qualidade de vida da população feminina. Os estudos abrangem desde a prevenção do câncer de mama, passando pela saúde mental, até os métodos contraceptivos.
Os esforços em conjunto ajudam a compreender melhor as necessidades e os desafios enfrentados pelas mulheres em relação à saúde. Com a realização dos estudos, a expectativa é revelar dados que possam orientar práticas médicas e políticas públicas direcionadas.
Para mapear dados multidisciplinares que possam apoiar a tomada de decisões de gestores dos setores público e privado e do terceiro setor, o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP) criou o Grupo de Estudos de Saúde da Mulher este ano.
O trabalho interdisciplinar terá a participação de pesquisadores das áreas da saúde, humanidades, engenharia, ciências exatas e sociais. A meta é abranger a saúde feminina de forma integrada, incluindo aspectos que compõem 11 eixos, como aspectos físicos, mentais, econômicos e socioculturais, levando em conta uma agenda de debates sobre igualdade de oportunidades em políticas de gêneros.
Iniciativas para identificação e tratamento do câncer
No que diz respeito ao câncer de mama, o mais prevalentes entre as brasileiras, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), há ações de prevenção, conscientização e acesso ao tratamento oncológico estão em andamento em todo o país.
O Programa de Qualidade em Mamografia, realizado pelo Inca, busca aprimorar a qualidade do exame a fim de contribuir para maior eficiência na detecção precoce da doença. Já o Programa de Qualidade em Radioterapia, também feito pelo instituto, promove melhores condições para a aplicação da radioterapia com eficiência.
A preocupação com os exames de câncer no colo do útero também não passam despercebidos, visto que a doença ocupa o terceiro lugar em incidência entre as mulheres brasileiras, segundo os dados do Inca.
O controle desse tipo de câncer é uma prioridade na agenda da saúde do país e faz parte do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis no Brasil 2021-2030, desenvolvido pelo Governo federal.
Já o projeto Expande, realizado pelas secretarias de Assistência à Saúde e Executiva, ambas do Ministério da Saúde, mantém o foco na expansão da assistência oncológica no país.
SUS oferece acompanhamento da saúde cardiovascular
As doenças cardiovasculares são a causa número um de morte no Brasil e no mundo, conforme informação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. Nesse cenário, a área da cardiologia também é considerada prioritária.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento integral e gratuito com foco na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das doenças vasculares. As Unidades Básicas de Saúde fazem o acompanhamento e o monitoramento de fatores de risco.
Quando o paciente é diagnosticado com alguma doença cardiovascular, é encaminhado para receber assistência do médico especialista e realizar os exames necessários para o início do tratamento.
Pesquisas em saúde reprodutiva têm relação direta com bem-estar da mulher
Para impulsionar os estudos na área da saúde da mulher, o médico argentino Luis Guillermo Bahamondes coordena estudos e iniciativas no Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de Campinas (Cemicamp), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O Centro também abriga um programa da OMS que capacita jovens profissionais da América Latina e da África lusófona em saúde sexual e reprodutiva
Na avaliação do especialista, a saúde da mulher enfrenta desafios significativos no Brasil e no mundo, como falta de acesso aos métodos anticoncepcionais e cuidados durante a gravidez, parto e pós-parto. Ele afirma que a atenção após a menopausa e a assistência para problemas como sangramento uterino anormal são limitadas.
O especialista aponta a necessidade de melhorias nas políticas públicas acerca da saúde reprodutiva das mulheres. Em entrevista à imprensa, afirmou que as respostas e as ações por parte dos formuladores de políticas têm sido insuficientes.
Segundo ele, a principal consequência das gestações não planejadas é o aborto clandestino, já que a prática é ilegal no Brasil. A situação contribui para o aumento da mortalidade materna evitável, sendo difícil estimar o número de abortos inseguros no país porque os dados não entram nas estatísticas oficiais.
Os planos de sua equipe para os próximos cinco anos inclui oferecer apoio aos centros latino-americanos, incluindo o brasileiro. O objetivo das atividades é ensiná-los a desenvolver projetos de pesquisa, melhorar o impacto das publicações e contatar potenciais financiadores para projetos.
Assistência perinatal
No início deste ano, a revista Cadernos de Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), divulgou os resultados do levantamento Nascer no Brasil II: Pesquisa Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento. Trata-se do segundo inquérito sobre a saúde da mulher e da criança, que avaliou a qualidade da assistência durante os períodos de pré-natal, parto, nascimento e puerpério.
A abrangência do novo estudo busca aprofundar o entendimento acerca dos desafios enfrentados por mães, pais e bebês durante o período perinatal. A pesquisa foi realizada como uma continuação da publicação Nascer no Brasil I, motivada pelas gestações não desejadas e os níveis de mortalidade materna em decorrência do aborto clandestino no país.
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