Dia mundial do café

Dia mundial do café vem com aumento de preço

Dia Mundial do Café: uma celebração que vai além da xícara

Dia mundial do café vem com aumento de preço

Dia mundial do café vem com aumento de preço

O Dia Mundial do Café, comemorado anualmente em 14 de abril, representa uma data simbólica para reconhecer a relevância global da bebida. No Brasil, o café não é apenas um hábito, mas uma paixão nacional profundamente enraizada na cultura. Da cozinha de casa às cafeterias sofisticadas, o grão está em todos os lugares e momentos do cotidiano. Esse protagonismo também se traduz em números expressivos. O país lidera o consumo de café na América do Sul, respondendo por mais de 82% do mercado regional, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC).

Além disso, o Brasil mantém sua posição como o maior produtor e exportador mundial de café, contribuindo com mais de um terço da produção global. Essa força histórica ajuda a manter o café como um dos pilares da economia nacional. No entanto, os desafios do mercado atual exigem atenção. Em tempos de inflação e margens apertadas, o setor de bares e restaurantes precisa repensar estratégias para manter o consumo sem perder a qualidade ou a competitividade.

Consumo elevado, mas inflação ameaça o equilíbrio do setor

Dia mundial do café vem com aumento de preço

Nos últimos doze meses, o aumento nos preços do café moído tem sido alarmante. Segundo o IPCA, divulgado pelo IBGE em março de 2025, o café moído teve uma inflação acumulada de 77,78%, número significativamente acima da inflação geral, que ficou em 5,48%. Para empresários da alimentação fora do lar, essa elevação representa um grande obstáculo. O café, sendo uma das bebidas mais consumidas, precisa ter preço acessível para garantir volume de vendas.

Apesar disso, muitos estabelecimentos não conseguiram acompanhar os reajustes. Um levantamento recente da Abrasel aponta que 32% dos bares e restaurantes não conseguiram repassar os aumentos para os consumidores. Outros 22% fizeram o repasse, mas em patamares abaixo da inflação. Esse cenário demonstra como o produto, apesar de essencial, se tornou um ponto de tensão na gestão financeira dos negócios. No dia mundial do café importante é repensar o modelo de fornecimento e o tipo de café oferecido pode fazer toda a diferença na lucratividade.

Cafés especiais se tornam alternativa viável e atraente

Com a alta dos preços do café tradicional, os cafés especiais começam a ganhar espaço e oferecer novas oportunidades. De acordo com a Specialty Coffee Association (SCA), para um grão ser considerado especial, ele precisa atingir uma pontuação mínima de 80 em uma escala de 0 a 100, levando em conta critérios como aroma, sabor, acidez, corpo e ausência de defeitos. O Brasil tem investido bastante nesse nicho, com fazendas e torrefações se profissionalizando para atender a uma demanda crescente.

Segundo Lucas Parizzi, sócio da rede mineira A Pão de Queijaria, o crescimento da procura por cafés especiais é perceptível. “As pessoas estão mais curiosas sobre o que consomem, e o café especial permite contar histórias, valorizar o produtor e criar uma experiência diferenciada”, comenta. Além disso, ele observa que esse movimento tem crescido também nas redes sociais, com influenciadores digitais e profissionais da gastronomia discutindo o tema com mais frequência. Essa visibilidade ajuda a popularizar o produto e a justificar preços um pouco mais elevados.

A valorização do arábica e a busca por alternativas sustentáveis

Embora o segmento de cafés especiais seja promissor, ele enfrenta seus próprios desafios. O principal é o aumento no preço do grão arábica, que domina essa categoria. A cotação internacional do arábica tem sofrido variações frequentes, impactando diretamente o custo final da bebida. Por isso, empreendedores buscam alternativas, como o uso de grãos conilon, que possuem menor complexidade sensorial, mas são mais acessíveis.

O conilon, que antes era relegado a cafés solúveis e blends de menor valor, agora começa a ser tratado com mais cuidado e inovação. Há inclusive produtores investindo em técnicas de fermentação e torrefação para elevar o padrão desse tipo de grão. A diversificação de insumos pode ser um caminho sustentável para enfrentar o momento atual, equilibrando qualidade e rentabilidade.

Inovação como diferencial competitivo no mercado

Outro fator que tem impulsionado o segmento é a criatividade na forma de servir e apresentar o café. Estabelecimentos estão apostando em blends exclusivos, métodos de extração diferenciados e até drinques autorais à base de café, como espresso tônica ou coquetéis com infusão fria. Essas inovações ampliam as margens e encantam o cliente, que busca experiências novas e sensoriais.

Na A Pão de Queijaria, a proposta é atrelar o café ao conceito central da marca: o pão de queijo mineiro. “Colocamos pão de queijo na salada, no sorvete, na sobremesa, e isso também acontece com o café. A gente serve com doce de leite, com frutas e até em versões geladas com espuma”, explica Parizzi. Dessa forma, a marca se diferencia da concorrência e constrói fidelização. Isso mostra como criatividade e identidade podem ser decisivas em um mercado cada vez mais competitivo.

Cafeterias crescem e exigem reposicionamento constante

O crescimento do número de cafeterias especializadas também mudou o panorama do consumo urbano. Em grandes cidades, é comum ver bairros com múltiplas opções de casas voltadas ao público que valoriza cafés de qualidade. Essa segmentação exige que cada negócio tenha proposta clara, linguagem própria e atendimento personalizado. Sem isso, o risco de se tornar mais do mesmo é alto.

Por isso, empresários estão focados em branding, formação de baristas e ambientação dos espaços. Mais do que um café perfeito, o público busca um momento único. Essa percepção reforça a necessidade de formar equipe, desenvolver cardápios e criar vínculos com o cliente. É essa experiência completa que garante que o consumidor volte, recomende e esteja disposto a pagar um pouco mais por um produto especial.

O papel da hospitalidade e da gestão eficiente

Além do produto em si, o café é símbolo de hospitalidade e acolhimento no Brasil. Ele conecta pessoas, gera conversas e serve como pausa necessária no cotidiano acelerado. Por isso, ele continua sendo uma excelente porta de entrada para o consumo em bares, padarias e restaurantes. Quando bem trabalhado, o café pode elevar o tíquete médio e fidelizar clientes.

No entanto, isso exige planejamento. É essencial rever formação de preços, analisar o perfil de consumo do público e escolher bem os fornecedores. Também vale considerar a introdução de cafés sazonais ou versões exclusivas em datas comemorativas, como o Dia Mundial do Café, para gerar buzz e atrair novos clientes. A gestão eficiente, aliada à sensibilidade para tendências, pode transformar desafios em vantagem competitiva.

O futuro do café depende de equilíbrio e inovação

O cenário de 2025 mostra que o café brasileiro está em uma encruzilhada entre tradição e modernidade. Por um lado, há desafios evidentes com a inflação e os custos operacionais. Por outro, existe uma nova valorização do produto, com foco em qualidade, sustentabilidade e experiência. Quem conseguir equilibrar esses fatores estará pronto para colher bons frutos.

A força simbólica do café permanece intacta. No entanto, os modelos de negócio precisarão evoluir. Adotar práticas inovadoras, explorar nichos de mercado e estreitar relações com o consumidor serão ações essenciais. O grão que já moveu economias e culturas segue com potencial imenso — basta saber aproveitá-lo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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