Barbie. @porlucasmachado

Barbie, minha primeira cliente

Barbie

Catfish. Não, não vi o filme. Talvez veja, talvez não. Talvez vá até de rosa, no melhor estilo cowboy. Não, isso é mentira. Talvez veja Oppenheimer só pra mostrar minha rebeldia instagramável.

Naufrágio

Mas fato é que spoiler do filme B não falta: talvez já até tenha visto tudo, pois só se fala nisso. Foi assim com Titanic – já sabia de tudo, desde o colar e desenho, a dança, o naufrágio (óbvio) a tábua de cinco metros não compartilhada, ele na paleta inverno frio. Tudo.

Barbie

Eu fui criança barbie. A primeira vez que vi uma e entendi que era uma boneca já quis. Demorei um pouco pra ter, pois na época era mais fácil trocar a moeda de um país que ter um brinquedo daqueles. Mas tive várias. Loira, morena, veterinária, princesa, Ken, Bob, cachorro, Skipper (quem lembra?), carro rosa brilhante.

A casa não tive – era outro patamar, tinha que entrar até com financiamento no banco para ter uma. Mas isso não impedia a imaginação de brilhar. Era cada mansão construída com lego, com brinquedo do irmão, misturava com mini móveis criados de sei lá o quê.

Às vezes era coisa de duas horas para montar e fazer toda produção do espaço que ficava até cansada de brincar depois – demandava muito, B era muito exigente.

Estilo minimalista

Não aceitava qualquer coisa: não era qualquer bancada de granito que agradava, tinha que ser mármore italiano. Painel ripado. Móveis estilo minimalista, branco, neutro, “atemporal”. Mas ela mandava, eu obedecia.

Tinha uma maleta específica – maleta da Xuxa – só para suas roupas, sapatos e objetos de uso pessoal. B era perua. What a bitch! Ops beach… Barbie praia, tinha também. Às vezes seu cabelo ficava tão ensebado de molhar que tinha que cortar bem curto – quem nunca? Rs.

Se pensar B foi minha primeira cliente. Relação meio tóxica eu acho. Mas me ensinou muito. Limites dentro do contrato, direitos e deveres, ética e respeito. Limites de uma obra – começou de manhã, então vai até o horário do almoço, começou final de tarde até a janta – e por aí vai.

Não quero fazer o quarto, to cansada – então acabou a brincadeira, senão corto seu cabelo. Essa dualidade dentro da relação me fez me tornar quem sou. Obrigada B por seus ensinamentos. Gratidão!

Instagram Raissa Fortes Design

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Túlio Marcos de Paula Cunha
Túlio Marcos de Paula Cunha
11 meses atrás

Parabéns Raissa, muito interessante entender como foi sua experiência com a Barbie.

Ninon
Ninon
11 meses atrás

Muito bom! Mostra o quanto a Barbie é , foi e será elitista. Mundo paralelo do real, o supérfluo e a perfumaria detestável nas classes mais abastadas, mas é preciso brincar de Barbie para descobrir isso.
Parabens pelo texto! Amei

Gobby Miranda
Gobby Miranda
11 meses atrás

Muito bom ?

Liliane
Liliane
11 meses atrás

Muito interessante Raissa! Obrigada por compartilhar sua experiência com a Barbie. Bom para eu entender melhor como a minha neta de 5 anos está percebendo a Barbie.