Conexões não são relacionamentos. @porlucasmachado

Conexões não são relacionamentos. Por Lucas Machado

Conexões não são relacionamentos. Por Lucas Machado

São apenas contatos superficiais e facilmente apagáveis – ou deletáveis, como queira. Fazem parte do mundo da internet. O fato de alguém estar conectado na rede social, por meio do Instagram e Facebook, do WhatsApp ou do Twitter, também não significa que essa pessoa inseriu-se no universo das inovações viabilizadas pela tecnologia.

Primeiramente a ferramenta tecnológica só é apropriada por qualquer um de nós quando, a partir dela, promovemos inovações e melhorias, em nós, a nossa volta e na comunidade onde estamos inseridos. A ferramenta não é nada em si. Assim, só ganha relevância quando é produtivamente utilizada. Um Macintosh valerá pouco para um escritor, e muito para um designer gráfico. Esse profissional conseguirá realizar, hoje, proezas que um designer dos anos 1980 – por mais genial que fosse – não conseguia fazer de jeito nenhum.

Era Digital

Inicialmente a imagem e o texto eram estáticos. Logo após, com os recursos da era digital, o designer vai muito além, juntando imagens, textos, vozes, gráficos, vídeos e possibilidades de compartilhamentos, inclusive prescindindo do jornal, da televisão e do rádio, fazendo a mensagem fluir nos diversos e simultâneos canais da rede.

O indivíduo da conexão é um passivo usuário da máquina, ainda que troque mensagens. Esse sujeito pode estar conectado com tal intensidade que chega ao ponto de até ficar viciado, tão viciado quanto um toxicômano. Torna-se uma compulsão que desumaniza o humano.

Viciados em internet

O Centro Psiquiátrico do Hospital das Clínicas dispõe de um núcleo de tratamento dos viciados em internet. A tela anulou uma imensidão de jovens e adultos. Sequer interagem no pessoal. Ninguém está mais conectado do que eles. Se o objetivo é conectar, a meta foi aí integralmente alcançada.

Exaltemos a tecnologia, sim. Mas aquela tecnologia que se põe a serviço da inovação e da melhoria da qualidade de vida.

Desde sempre fiz parte dos inventores de conectividades consequentes, que resultam em autênticos relacionamentos. Isto é: relacionamentos que tecem o organismo social, no sentido mais amplo, aberto e diversificado.

Ancestrais mais longínquos

Os ancestrais mais longínquos são as tabernas da era medieval, era onde se davam as conversas e os congraçamentos. Os tempos mudaram muito. Hoje, em lugar das tabernas, por exemplo, há cafés, coworking, lanchonetes, bistrôs, eventos sociais em geral, fora, longe e perto de casa. São muito mais do que polos de conexão. Vão bem além. São polos de relacionamentos, irradiadores de vida, de conversas olho no olho, face a face. Não podemos e não vamos perder isso.

Século XXI

Muitos desses lugares estão, por exemplo, repletos de tecnologia nas cozinhas, na gestão financeira, no marketing, no atendimento. Com o adequado uso das ferramentas deste início do século XXI, obtém-se um resultado visível, perceptível, que é o melhor atendimento, o incremento das vendas, a redução dos custos, a oferta de produtos e serviços a preços muito mais acessíveis, usando tecnologia a seu favor.

No entanto a mais elevada missão hoje em dia é propiciar aconchegantes e calorosos espaços de encontros pessoais, abrindo ampliadas possibilidades de humanização do humano. Phillip Kotler a quinta pessoas mais influentes do mundo, o criador da palavra marketing. Enfatizou isso ao longo dos seu 92 anos.

Por tudo isso, sobretudo na Europa e na América os estabelecimentos não disponibilizam o wi-fi para a conversa. Eles colocam cartazes bem vistosos com dizeres assim: “No. We do not have wi-fi. Talk to each other!”.

Enfim, eles dão as boas-vindas à sua clientela amiga com cartazes que dizem de forma muita clara: “Não. Nós não temos wi-fi. Conversem entre si!”.

Que haja moderação nas conexões da rede social, lembrando que conexão não são relacionamentos e interação, isso é real. Vamos conversar, olhar, rir e brindar.

Ainda esta em tempo de criarmos eventos de conversação, de compartilhamentos das observações
cotidianas. São lugares para se trocar palavras e sentimentos e deixar de lado por um tempo clicks e likes. Viver é definitivamente conviver. Faça isso, sem moderação. Hasta !!

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