Baixa Gastronomia

Entrevista: Podcast O Café e a Conta, Nenel, do Baixa Gastronomia

Em uma recente entrevista no podcast O Café e a Conta, Nenel, do Baixa Gastronomia, discute a importância cultural dos botecos e sua conexão com a tradição culinária de Minas Gerais. O episódio mais recente do podcast (disponível em [link]) destaca os botecos com o convidado Daniel Neto, conhecido como Nenel, um jornalista gastronômico e criador do canal Baixa Gastronomia. Reconhecido como parte do patrimônio cultural mineiro, o guia destaca personagens da culinária simples, autêntica e genuína de restaurantes e botecos, que oferecem experiências tradicionais e boêmias.

Veja alguns trechos da entrevista:

O nome “Baixa Gastronomia” desafia a norma e resgata um orgulho nacional, destacando uma característica brasileira que é acessível a todos. É a comida encontrada em todos os botecos do Brasil, é a comida de casa. Essa é a ideia?

Democratização é crucial. O boteco é um microcosmo onde diferentes vertentes políticas, religiosas, times de futebol e classes sociais se encontram e se respeitam.

Há uma tendência atual de simular autenticidade e espontaneidade, talvez com uma mercearia antiga, por exemplo, que evoca memórias afetivas. Como você vê isso?

Pessoalmente, não sou fã. Entendo, mas não aprecio. Acho que é um grande cenário, mas não gosto de bares temáticos; é uma preferência pessoal minha.

Mercearias e bares antigos

Converso com proprietários de mercearias e bares antigos, que às vezes precisam fazer reformas. Eu aviso que hoje em dia, muitos bares tentam copiar essa estética, para que o empreendedor entenda o valor do que ele já tem.

Acho interessante mostrar essa estética para a nova geração. Às vezes, o proprietário tem vergonha do local ou da comida, mesmo que seja excelente. É aquela típica mentalidade mineira de “não repare”, mas na verdade é algo incrível e é importante mostrar isso.

Essa “imperfeição” torna as coisas mais humanas. Não é um mundo perfeito, mas fazemos tudo com o coração. A autenticidade reside nisso.

Como diz o ditado, o boteco é uma extensão da casa das pessoas. Elas se sentem à vontade. Além disso, me fascina a generosidade dos botecos, tanto na comida quanto no atendimento caloroso.

Alguns bares adotam um aspecto lúdico. Gosto de brincar com a ideia do dono de bar mal-humorado. Por que tantos donos de boteco são assim?

Gosto disso. É possível notar que os donos mal-humorados geralmente têm excelentes botecos. Eles não vão te bajular, mas se você quiser, estará lá. Em certas regiões da cidade, é necessário ter uma casca mais dura.

A comida mineira tradicional não é tão popular como antes, e há poucas opções para manter essa tradição viva. Como os botecos cumprem esse papel?

Por meio das estufas. Nos bares do centro de Belo Horizonte, por exemplo, elas são indispensáveis. Muitos proprietários não podem pagar funcionários em dois turnos, então as estufas conseguem manter os pratos quentes de forma eficiente, garantindo a disponibilidade durante todo o dia. A estufa não é apenas um elemento decorativo, mas desempenha um papel fundamental na operação desses estabelecimentos.

Por Lucas Machado Instagram

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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