Thando Hopa top model internacional: negra, ativista e albina

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  • por em 24 de setembro de 2021

Thando Hopa top model internacional: negra, ativista e albina

Em meio à mobilização em prol das causas raciais que tem, admiravelmente, ocorrido por todo o mundo nos últimos dias, essa me chamou a atenção.

Desde já, é nesse contexto que trazemos à tona a história da inspiradora ativista e top model internacional Thando Hopa: negra, africana e albina.

À primeira vista, quando o assunto é causa racial, a propriedade de Thando Hopa vem do sangue que corre em suas veias, entretanto, seu lugar de voz não para por aí.

A ATIVISTA E O CALENDÁRIO PIRELLI

Formada em direito, a sul africana é Promotora de Justiça, e ativista de causas que envolvem os temas diversidade e empoderamento das minorias.

Hopa cresceu em uma sociedade pigmentada (“pigmented society”), segundo ela, cercada de pessoas de origem indígena e negra a única com a pele branca.

Primeiramente, a responsável por “revelar” Thando Hopa foi Adwoa Aboah – a também top model e ativista britânica – quem quem enviou fotos da promotora de justiça para Tim Walker fotografo badalado do calendário da Pirelli.

Convidada para posar para o calendário, Hopa chegou a exitar, em razão de sua agenda de compromissos profissionais na promotoria.

Entretanto, acabou por aceitar o convite e foi clicada para o calendário em 2018, consagrando-se como top model internacional e, projetada como um dos rostos e vozes de inegável destaque, quando o assunto é igualdade racial.

HISTÓRIA

Dado seu ativismo, representatividade – inclusive no mundo da moda – e talento, ela foi a primeira mulher albina na história a estampar uma das capas da revista Vogue (de Portugal).

A Promotora de Justiça sul africana que, a princípio, chegou a querer ser atriz, acabou cursando a faculdade de direito. Segundo ela, tal formação a ajudou a moldar seu caráter psicológico, sua filosofia política e seu senso de justiça, conforme viria a perceber mais tarde.

Quando criança, seus pais jamais a chamaram para uma conversa oficial advertindo-a sobre ser “diferente” das demais, quando criança, seus pais jamais a chamaram para uma conversa oficial advertindo-a sobre ser “diferente” das demais.

Ainda assim, a top model pintava suas sobrancelhas e cílios, desde os 12 anos de idade, disfarçando algumas de suas características do albinismo, por considerar tal padrão mais “atraente”, ao olhar da sociedade.

Os cuidados práticos que ela deveria ter com sua pele lhe foram passados em casa, desde nova.

  • Como a importância do uso do protetor solar, por exemplo – mas as implicações sociais e culturais da cor de sua pele só viriam a ocorrer de forma muito gradual. Afinal, foi apenas na adolescência, enquanto cursava o ensino médio, que a top model não conseguiu mais se sentir bonita.
  • Foi então que, em certo momento de sua vida adulta (quando já trabalhava como promotora de justiça) que foi pedida pela revista Forbes, durante uma sessão de fotos, para apresentar um look natural: ali começou sua jornada de busca pela sua real autoestima, que não dependesse da validação de outras pessoas.

    BELEZA E ALBINISMO

    A partir do momento em que começou a se apresentar para o mundo com uma fisionomia mais natural – tal como fizera no ensaio para revista Forbes – ela decidiu “abraçar” quem de fato ela era, o que incluía não mais camuflar suas só não mais camuflar suas sobrancelhas e cílios albinos.

    Dali em diante, Hopa decidiu que a beleza para ela só existiria a partir do momento em que sentisse bastar para si própria, não dependendo de qualquer validação social, na expressão grega: você é tão perfeita, quanto você se basta.

    Dentre os vários conceitos utilizados pela sociedade, Hopa não considera o termo “especial” positivo pois, segundo ela, tal palavra separa o indivíduo de sua humanidade, e isso é um problema.

    Para ela, em suma, não importa se o indivíduo está sendo diminuído ou mesmo enaltecido ao ser quando chamado de “especial” pois, o simples fato de ser enquadrado como tal já retira dele sua humanidade.

    DIVERSIDADE RACIAL: RECEPTIVIDADE SOCIAL À INFORMAÇÃO

    Para a ativista, só é possível lidar de maneira adequada com questões como o albinismo – ou com qualquer outra, da qual não se tenha muito conhecimento à respeito – a partir do momento em que as pessoas possuam “empatia”, colocando-se no lugar uma das outras. Entretanto, tal tal postura isolada não é o suficiente.

    Para ela, diante de assuntos como diversidade e igualdade racial, não é suficiente, nem razoável, que os indivíduos baseiem-se nas nas meras “percepções” que possuam do tema.

    É imprescindível uma sociedade interessada, que busque pela real “informação”, vinda das vozes que de fato possuam lugar de fala. Sociedade esta, portanto, atenta e receptiva às informações oriundas das vozes que possuem possuem propriedade dentro do assunto, legitimando-as, sejam elas minorias ou não.

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    ** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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