Alimentos fermentados: nova tendência de estilo de vida saudável - YOO Mag - Conteúdos Criativos

Alimentos fermentados: nova tendência de estilo de vida saudável

Alimentos fermentados como kombucha e pães naturais ganham espaço por seus sabores únicos, benefícios à saúde e conexão com o bem-estar cotidiano.

kimchi

Entre saúde, sabor e experimentação, alimentos fermentados ganham espaço na rotina de quem busca bem-estar com mais naturalidade e intenção

Cada vez mais, os alimentos fermentados têm deixado de ser apenas uma curiosidade em feiras orgânicas ou cafeterias alternativas. Eles ganharam mais espaço nas mesas, nos mercados e nas conversas sobre bem-estar. Kombucha, missô, kimchi, iogurtes artesanais e pães de fermentação natural tornaram-se símbolos de uma alimentação que combina saúde, sabor e retorno às raízes do preparo.

O interesse por esses alimentos não surge por acaso. Em um contexto em que rotinas aceleradas e alimentos ultraprocessados ainda são a regra, os fermentados propõem um respiro, isto é, uma forma de voltar ao tempo das conservas feitas em casa, das receitas compartilhadas entre gerações e dos sabores que se desenvolvem com paciência. Ao mesmo tempo, conectam tradição e saúde, oferecendo benefícios reais para o organismo e para o paladar.

O que são os fermentados

A fermentação é um processo natural em que microorganismos — como leveduras e bactérias — transformam ingredientes crus em alimentos com sabor, textura e propriedades nutricionais ampliadas. É uma técnica ancestral, presente em praticamente todas as culturas alimentares do mundo, do iogurte grego ao missô japonês, da cerveja europeia ao tucupi amazônico.

Na prática, o processo também se tornou uma resposta contemporânea a duas demandas crescentes: a busca por alimentos menos industrializados e o fortalecimento da saúde digestiva. Isso porque muitos alimentos fermentados são ricos em probióticos, microorganismos vivos que contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal e do metabolismo.

Kombucha, o fermentado que virou tendência

Talvez nenhum fermentado tenha ganhado tanta visibilidade recente quanto a kombucha. Feita a partir do chá adoçado fermentado com uma colônia de bactérias e leveduras (conhecida como scoby), essa bebida ligeiramente gaseificada é consumida gelada e, em geral, costuma ter sabor frutado, herbal ou cítrico, dependendo da infusão utilizada.

O crescimento do consumo de kombucha no Brasil acompanha uma tendência mundial. Dessa forma, em cidades como Belo Horizonte, São Paulo e Curitiba, já é comum encontrar a bebida em cafés, empórios e até em bares, muitas vezes sendo oferecida como alternativa ao refrigerante ou até mesmo como base para drinques sem álcool.

Além do apelo saudável, a kombucha conquistou espaço por ser versátil, artesanal e instagramável. Muitos produtores locais apostam em rótulos coloridos, sabores criativos (como hibisco com gengibre ou mate com maracujá) e uma comunicação que reforça bem-estar, leveza e conexão com o corpo.

Pães de fermentação natural: tempo, textura e memória

Outro fermentado que atravessou a bolha do nicho para ganhar as ruas é o pão de fermentação natural, também conhecido como sourdough. Produzido sem fermento biológico industrial, ele se vale de uma cultura de leveduras e bactérias naturalmente presentes no ambiente, que crescem lentamente e conferem ao pão uma textura mais densa, bem como um sabor levemente ácido e casca crocante.

O que antes era visto como um item gourmet, hoje é cada vez mais desejado como símbolo de cuidado. O tempo de fermentação mais longo quebra parte do glúten e torna o pão mais digerível, além de realçar seu valor nutricional. Mais do que moda, ele representa uma reconexão com o ato de fazer comida com as mãos, respeitando os ritmos da natureza.

Durante a pandemia, o preparo do sourdough virou hobby para muita gente. Então, agora segue como hábito: quem não faz em casa, procura na padaria do bairro, valoriza os pequenos produtores ou até monta grupos para troca de fermento e receitas. O pão fermentado, assim, volta a ser mais do que alimento: vira elo entre pessoas e saberes.

Outros fermentados ganham espaço

Além da kombucha e do pão, uma série de outros alimentos fermentados começa a aparecer com mais frequência nas rotinas urbanas. O kefir, por exemplo, é uma bebida feita a partir do leite fermentado por grãos simbióticos, semelhante ao iogurte, mas com textura mais leve e sabor mais ácido.

O kimchi, prato tradicional da culinária coreana feito com acelga, gengibre e pimenta, virou estrela em menus contemporâneos. E há quem faça em casa molhos, pastas e conservas com base em fermentação, não só pelos benefícios à saúde, mas pelo prazer de acompanhar a transformação dos sabores dia após dia.

kimchi

Essa retomada do fermentado como experiência doméstica também dialoga com a ideia de saber fazer o próprio alimento, entender os processos e poder escolher ingredientes de origem confiável. Em tempos de desconfiança em relação aos rótulos e à procedência dos produtos, fermentar em casa vira um gesto de autonomia.

Sabores vivos, bem-estar ativo

O sabor dos fermentados costuma ser descrito como “vivo”. Isso porque eles carregam acidez, complexidade, camadas que se revelam aos poucos. Não são sabores óbvios nem padronizados — e isso os torna ainda mais fascinantes. À medida que o paladar se educa, o que antes causava estranhamento passa a gerar prazer. É o gosto do que é real, do que muda, do que é único.

E isso vale para o corpo também. Os benefícios à digestão, à imunidade e ao bem-estar são amplamente citados por quem inclui os fermentados na rotina. Claro que não se trata de solução mágica: eles não substituem hábitos equilibrados ou acompanhamento médico. Mas são, sim, um suporte valioso — e natural — para quem busca um dia a dia com mais vitalidade e conexão com o próprio corpo.

Preparo que vai além da nutrição

Em um mundo que estimula o imediatismo, a fermentação exige outra lógica: a do tempo. Do cuidado. Da espera. E, por isso mesmo, carrega em si uma proposta de reconexão. Cada kombucha engarrafada ou pão que descansa por horas antes de ir ao forno lembra que nem tudo precisa ser instantâneo, que há valor no processo e que é possível cultivar algo vivo, do começo ao fim.

A nova onda dos fermentados, assim, não é apenas sobre saúde — mas sobre estilo de vida. Sobre voltar à cozinha, sobre trocar saberes, sobre reaprender a esperar. Sobre entender que o que alimenta não é só o que está no prato, mas também a forma como ele chega até ali.

E, entre bolhas, cheiros e sabores, os fermentados seguem nos ensinando que viver com mais intenção, simplicidade e presença ainda é possível. E pode ser delicioso.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments