Asdrúbal Trouxe o Trombone

A história da trupe teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone. Por Lucas Machado

Da Repressão à Expressão

Primeiramente no início dos anos 1970, o Brasil estava mergulhado em uma atmosfera de repressão e controle, onde a eleição indireta para presidente no Congresso Nacional era uma farsa que encobria processos eleitorais antidemocráticos.

A violência e a opressão dos “polícia” impunham um regime severo sobre todas as camadas da sociedade, e a falta de liberdade civil tornou a situação do país delicada.

O Nascimento de uma Trupe Revolucionária

Foi nesse ambiente sufocante que, entre a juventude da zona sul do Rio de Janeiro, nasceu a trupe de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone. Inspirada sobretudo pela irreverência da série cômica britânica “Monty Python’s Flying Circus”, que estreou em outubro de 1969, a trupe rapidamente conquistou um sucesso estrondoso, sendo comparada ao impacto dos Beatles na música inglesa.

O Asdrúbal era um caldeirão fervente de boemia, comédia, rock’n’roll, teatro, circo e muita loucura. Além disso mistura que envolvia um elenco talentoso, composto por nomes que se tornariam grandes estrelas da TV e do teatro brasileiro, como Hamilton Vaz Pereira, Prefeito Fortuna, Luiz Fernando Guimarães, Regina Casé, Evandro Mesquita e Patrycia Travassos. Definidos pela desconstrução da dramaturgia e pela criação coletiva, esses artistas quebraram barreiras e abriram novos caminhos para a representação teatral no Brasil.

Uma Nova Visão da Arte e da Vida

A trupe do Asdrúbal abraçou ideias revolucionárias, o tropicalismo e a cultura pop, influenciando profundamente uma geração que estava deixando a adolescência e entrando na juventude.

Eles mostraram uma nova visão do cotidiano e da arte, com uma abordagem que buscava não apenas o entretenimento, mas também um novo sentido para a vida em grupo, permitindo aos jovens sair de casa sem a necessidade de assistir aulas no colégio.

A primeira peça apresentada pelo grupo foi uma adaptação de “O Inspetor Geral”, clássico de 1836 do russo Nicolai Gogol. Após tantas mudanças e arranjos, a peça se tornou quase irreconhecível, uma verdadeira reinvenção do original. Seis meses depois, a trupe estreou no teatro Opinião, em Copacabana, num horário inusitado de meia-noite, causando um verdadeiro choque no público e na crítica ao abordar temas como sexo, política e pobreza com muito humor.

Sucessos e Polêmicas

Assim o clássico “Ubu Rei”, de Alfred Jarry, foi a segunda montagem do Asdrúbal. Na terceira produção, não encontraram uma obra que atendesse às suas expectativas e decidiram escrever sua própria peça. “Trate-me Leão” estreou em 1977 no teatro Dulcina, com um sucesso tão grande que a trupe começou a viajar pelo país. Em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, membros do grupo chegaram a ser presos por militares que se assustaram com a mobilização de estudantes.

Regina Casé relembra: “Sempre houve uma nebulosa ambiguidade, éramos considerados alienados pela esquerda e subversivos pela direita.”

Em outras palavras o sucesso foi tanto que, em janeiro de 1982, o grupo tinha tantos integrantes que criaram o Circo Voador no Arpoador. Apesar disso Sem um local adequado para tantas apresentações, conseguiram a liberação de uma tenda na praia, transformando o espaço em um ponto cultural vibrante com atividades do amanhecer ao anoitecer.

Legado e Transformação

Enfim, o Asdrúbal durou 11 anos, deixando um legado profundo na cena cultural brasileira. O Circo Voador continuou sua trajetória, sendo transferido para a Lapa.

Desta forma construiu sua verdadeira história, revelando nomes icônicos como Cazuza, Lulu Santos, Kid Abelha, Bebel Gilberto, e por fim, a Blitz, liderada por Evandro Mesquita, um dos fundadores do Asdrúbal. A Blitz trouxe frescor ao pop dos anos 80, convencendo gravadoras de que o pop-rock de garagem, ou melhor, de circo, estava com tudo.

A música popular brasileira (MPB) não sofreu grandes consequências porque, assim como o Miami Vice, é difícil de matar. O legado do Asdrúbal e do Circo Voador continua vivo, simbolizando uma era de inovação, irreverência e transformação na sócio-cultural brasileira.

OBS: Este texto e desprovido de IA (Inteligência artificial)! Hasta!

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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